segunda-feira, 27 de junho de 2011

Palavras (sinceridade na madrugada).


 02 : 17  pm.
Ela
OI
Ele
OI...
Ela
Desculpa te acordar!
Eu não sei por que, mas senti vontade de te encontrar, mas sei lá apesar da dor que sinto por dentro eu queria infinitamente te ver...
Ele
Apesar da dor?
Ela
Sim, sei que seu olhar mudou e quando o olhar muda, muda tudo inclusive o sentimento... Bom eu posso até garantir que já é tarde demais, mas sei lá, quando você entrou naquele táxi e eu o vi partir eu passei a sentir saudades de todos os nossos momentos, e uma vontade insuportável de te ver novamente, mesmo que seja para um doloroso adeus, ou coisa e tal...
Ele sorri, anestesiado ou assustado... Mudo, sem saber como reagir e ela continuava a descarregar suas emoções de maneira explicita e sincera
Ela
Eu erro, errei !?! Sim claro, assim como todos aqueles que estão à procura do amor,estava procurando por muito e o muito estava bem na minha frente e eu ali desejando o príncipe encantado para me tirar do meu sono profundo, para não dizer da solidão.
Vou entender se escutar da sua boca somente um adeus, eu fui inconstante, complicada e indiferente quando você me oferecia flores, mas agora, só agora vejo quanto tempo eu perdi procurando por sonhos que no fundo não passavam de ilusões, mas isso não me impede de vir aqui e te falar tudo o que eu sinto.
Eu não tenho mais medo, agora posso seguir ao seu lado, sem perder mais tempo, isso, claro, se você ainda me quiser...
Ele
Eu quero! 


"Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada"…

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 19 de abril de 2011

Paixão


Tenho 32 anos sou escritor, trabalho a cinco anos no mesmo jornal e não me apaixono há sete anos, por isso estou a procura de uma história real sobre a paixão, hoje tenho um encontro com uma garota que deseja relatar algo, ela vem as 15:30...
15h30min
A campainha toca, pontualidade britânica, abro a porta ela sorri, nos apresentamos convido-a para entrar...
- Entre, por favor!
-Licença
Sentamos. Ofereço uma água, um café, um chá até mesmo um suco, na verdade não sei por que fiz isso, não tenho todas as opções, mas por sorte ela aceita apenas uma água gelada, vou até a cozinha de lá a observo mais um pouco, ela é jovem, traços finos, mas marcantes...
-Sua água!
-Obrigado!
-Então, quer mesmo falar sobre isso?
-Sim, isso vai me ajudar aliviar a alma.
Pego meu notebook e damos início
-Como se conheceram?
-Temos um amigo em comum, mas não foi através dele, ele me adicionou em uma rede social, lembro que foi em um feriado, mas não sei bem, ele disse que me achou interessante e iniciamos assim certa “amizade”, até marcamos um encontro.
- E como foi?
-Perfeito, começou com aquela timidez do primeiro encontro e terminamos na cama, digo, foi surreal, engraçado, despedimos com sorriso no rosto, até então eu não estava apaixonada, mas ai comecei a receber mensagens na madrugada “boa noite”, “bom dia”, “saudades”, “Minha linda quero te ver”... E por ai vão, as conversas se intensificaram, o carinho, a vontade de um segundo encontro, o desejo subia, mas nada!
-Relacionamento virtual?
-Tá louco? Sou de carne e osso, eu continuei vivendo, sai com outra pessoa, mas era ele que eu desejava,pensava, queria... deixei claro que não o procuraria mais, mas não era meu desejo real.
- E ele? Correspondeu? Ou sumiu?
- Ai ele fudeu tudo! Passou a me ligar frequentemente, falou que eu precisava de atenção, ai eu me joguei, abri meus braços e praticamente disse “vem sou sua”!
(silêncio ela olha pela janela, tentar conter as lágrimas, mas não consegue)
- Foi a porra da relação mística!
- Relação mística?
(ela ri)
-É ele disse que tínhamos uma “relação mística”!
-Entendo.
-Não, você não entende!Nem ele! Me apaixonei por cada palavra dita, pensei “voltarei a gostar de domingos?”... ai surgiu a oportunidade do segundo encontro e foi como eu imaginei, vimos um bom filme,rimos,trocamos caricias, beijos,toques,cafuné, dormimos juntos, abraçadinhos. Dormi com um príncipe mas, acordei com um sapo, frio, cego e atrasado para o trabalho...
...Resumindo, beijo no rosto e até mais, ou melhor, até nunca mais, seja feliz!
- Agora ele sumiu?
-Não, mas eu virei um fantasma, estava ali, mas ele não me via, ou melhor, eu o assombrava, acabaram as mensagens, as conversas ficaram monossilábicas e por fim também acabaram eu acabei!
-Não questionou sobre? Tentou conversar?
- Sim, mas coragem para falar a verdade é virtude pra poucos, ignorar é mais fácil e dói menos... ...Foi como as estações do ano, passei pela primavera, verão, outono, agora vivo meu inverno...
...Só depois dei por mim, sobre o que ele quis dizer com, “estou brincando com você”! Estava tão encantada que só agora penso sobre.
- Ele disse isso quando?
-Na cama!
Calo-me, agora lembro, por que não me apaixono há tanto tempo!



quarta-feira, 13 de abril de 2011

Lembranças

Escute: Niebla Del Riachuelo - Otros Aires

Ela coloca o colar de pérolas, olha no espelho, observa a combinação do colar com o detalhe do seu decote, retira as pérolas, coloca uma série de correntinhas douradas... ela me olha pelo espelho, sei que  espera minha opinião...

- Você fica linda de qualquer forma.

Levanto-me, retiro a série de correntinhas, pego um broche e coloco no seu vestido, um pouco acima do seio esquerdo...

- Com esse decote, você não precisa de nenhum colar!

Ela sorri e me beija ardentemente.
Descemos as escadas ela está à minha frente, anda delicadamente... Eu observo, e me pego pensando,como nos conhecemos,tento me lembrar e friamente não consigo, algo se perdeu? Não sei!
Eu ainda a amo? (me pergunto).
Abro a porta do carro para ela, ela me olha, aquele brilho no olhar...
Ainda a amo?
Chegamos à avenida principal, um engarrafamento... ela fica ansiosa,vamos perder a peça...
E eu? Ainda a amo?
Trovão, mal tempo, a chuva cai, ela olha pela janela do carro, me olha, sorri novamente e diz:

- Você lembra? Foi ali! Que nós conhecemos, onde é aquele café, lembra era o bar do João!

Ela aponta para a esquina onde há um belo café e continua:

- Você usava uma calça, um pouco justa, jeans e camisa branca.

Droga, inferno, ela se lembra de tudo, ela sim me ama!(me sinto um canalha).

Ela pede para estacionar, sigo suas instruções sem questionar, ela desce do carro, sim, de vestido longo no meio de um temporal e segue dançando em meio a chuva, sorrindo, levanta um pouco o vestido e corre, me chama... Penso... Desço do carro e sigo ao seu encontro...

Ela sorri
Eu observo
Ela me ama
Eu ainda a amo?
Ela me beija...

Vestido azul, cabelo curto chanel tipo Amelie Poulain, sapatos vermelhos, sorriso encantador, tímido, óculos escuros, ela o tira, me olha, olhos castanhos, ela toma refrigerante, eu puxo assunto, ela aceita a bala, e a beijo, eu me lembro...

Ainda a amo!



terça-feira, 12 de abril de 2011

As Estações


No ônibus, ela observa pela janela
Árvores, pessoas, mais árvores, mais pessoas, escola, criança correndo, carros, mais e mais carros, bicicletas, pessoas, lojas, auto-escola, coqueiros, supermercado, livraria, carros, buzinaaaaaaaaa, engarrafamento, usuários, o ônibus lota e o lugar ao seu lado é ocupado por ele, ele... Cabelo preto, olhos pequenos, barba por fazer... ela escuta o mp3 no ultimo volume ele tenta escutar o dele mas...
ELE:
Aponta para o fone de ouvido dela
ELA:
Assusta-se...
Ele:
Sweet little girl? Stevie Wonder?
Ela:
Exato!
Ele:
Posso escutar com você? Claro se a senhorita não for descer na próxima parada?
Ela:
Hahaha... não vou até o final (e oferece a ele o fone esquerdo)
Ele:
Essa é única música dele que gosto!
Ela:
Eu só conheço essa e mesmo assim conheci por acaso
Ele:
Tenho poucas, selecionei as que gosto... te mostraria,mas acabou a bateria (ele aponta para o celular).
Ela:
Tranqüilo.
Ele:
Você sempre pega essa condução não é?
(Antes que ela responda)
Já te observei, gosto da sua tatuagem de pássaros.
(Ele sorri – Ela ruborizada)
Ele:
Você ficou vermelha
Ela:
Tá conta a novidade...
Ele:
Tímida?
Ela:
Não, bicho do mato mesmo!
Ele:
Devia sorrir mais e olhar mais para cima, você anda muito com a cabeça baixa
Ela:
Por acaso tenho um admirador secreto?
Ele:
Até que eu me apresente sim...
Prazer: Edgar
Ela:
Lúcia.
Ele:
Bom chegamos, ao ponto final, te vejo amanhã no mesmo bat ônibus?
Ela:
Sim.


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Primavera

(Para ler escutando baixinho "Heart of Gold - Neil Young'')

Passos, rápida, ela quase corre...
Acompanhada de uma respiração pesada, falta-lhe voz, mas, ela consegue dar seu ultimo grito...
F:
Pareeeee... por favor me espera!!!
(Com olhar perdido, ele)
P:
O que faz por aqui? O que quer?
F:
Acho que pedir desculpas? Creio que já não adianta mais, sei que chorar ou mesmo implorar não vai mudar nada, mas, o silêncio, ele, ele é pior que tudo!
(Ele observa um casal, que se abraça na praça)
F:
Ei?
P:
Sim?
F:
Eu, enfim eu queria agradecer por todos os momentos que tivemos,foi maravilhoso, sim, eu trai você, eu me deitei com outros, mas hoje, ao ver a sua mensagem de adeus foi como se um abismo abri-se debaixo dos meus pés,fiquei tonta, tive ânsia de vomito, foi quando eu notei que tudo foi errado...
P:
É, a culpa foi do meu adeus! Só com ele você notou?
F:
Sim, infelizmente! Mas mesmo eu me deitando com outros, os meus sentimentos por você, eles não mudaram.
P:
Eu sei, com eles, era só sexo!
F:
Era, era somente isso!
(O diálogo permanece, ela com olhos borrados de rímel barato daqueles que se compra em qualquer drogaria, ele... permanecia com o olhar de quem vai partir mas, deseja ficar).
F:
Sei que percebi tarde demais, eu te amo!
(Silêncio, constrangedor silêncio).
P:
E eu? Eu, ainda te amo, amo quando você usa seu vestido verde florido, amo sua forma de sorrir e o desenho do seu nariz, amo o contorno da sua boca, amo nossas conversas, nossas brigas, mas odeio a traição! Você me pede desculpas, mas não consegue me pedir perdão, talvez meu amor por você nunca acabe, ou acabe “pode demorar” quem vai saber não é? Tudo que eu sei e preciso no momento é entrar por aquela porta e pegar a porcaria daquele avião.
(Ele pega a mala, olha uma ultima vez para ela e segue seu caminho).
F:
Eu te amo.
(Ela diz quase que em pensamento).
Lágrimas,
E a cena dele sumindo, do alcance dos seus olhos nunca foi tão dura. A terra treme seu corpo balança...um susto,ela pula!
P:
Ei acorda ei, amor, ei? Gente, por que choras mulher? Ei, calma estou aqui, poxa, mas foi um pesadelo e tanto em, você está tremendo! Quer me contar? enquanto tomamos café?
F:
Eu te amo!
P:
Idem.


quinta-feira, 31 de março de 2011

Outono

Eles caminham pela praça, em meio aos pombos sujos e fedidos, pedestres praticam sua caminhada diária...
M:
Eu não gostei muito do filme, achei o enredo pobre, a fotografia deixou a desejar, mas confesso que a trilha sonora é do caralho, como assim?... aquela cena da garota no bar, poxa começa a tocar “Here We Go” do Jon Brion, perfeito!
B:
Hahahahaha, seus olhos sempre brilham assim? Por causa do Jon Brion?
M:
Não, não por ele e sim pela letra da música!
B:
Sei, e o que ela tem demais?
M:
“Você tem que ter esperanças, que existe alguém para você, tão estranho quanto você, que pode lidar com as coisas que você faz... (ela respira fundo e finaliza) sem tentar tanto’’
B:
Nossa! Você quer um abraço?
Ela sorri!


Verão

Enquanto ela cozinha, conversamos...
Mas como foi?
Bem, começou no bar!
"Ela"
Ela não esperava conhecê-lo, mas por vezes os caminhos se cruzam, você sabe como é!
E ele?
"Ele"
Ele é daqueles moços que chegam com um sorriso delicado, olhar penetrante, daqueles que invade sua alma, que em menos de cinco minutos te seduz, um olhar que te interroga, sabe? Esse olhar...
"Ela"
Estava com um olhar perdido, que tenta se desviar, que foge de perguntas, fica ali procurando um ponto distante, um objetivo.
Mas...
"Ela,ele...
Ela se encanta, eles se encontram, eles se beijam se amam
Risos, sorrisos, livros, carinho, páginas, café, filmes, mãos, álcool, sexo, nudez, fotografia, mais risos, café, outros risos, beijos...
"Ele"
 Até um dia, te ligo!
"Ela"
Duvida, ansiedade? Ela virou uma interrogação... Acompanhada de lágrimas, noites insones, perguntas.
O fim? Que fim? Fim de quê?
Aquelas conversas sem um ponto final!
A pessoa morre sabe? Ela morre, morre de angustia, morre de vontade, morre de saudades, morre caralho, apenas morre!
E ele?
Ele vive! Simplesmente por que ela o mantém vivo.